O fenômeno convencionalmente denominado “Crise do Euro” é a crise gerada pela dificuldade de alguns países da União Europeia em pagar as dívidas acumuladas durante os últimos anos. A crise
começou na Grécia, mas ocorreu em seguida na Espanha, em Portugal, na Itália e na Irlanda. A dívida
cresceu de tal forma que gerou a possibilidade de um “calote”. Investidores
particulares e grandes bancos, de várias partes do mundo, têm fundos investidos nesses países em
títulos do tesouro e pressionaram seus governos a exigir dos países devedores o
pagamento das dívidas. Diante da gravidade da crise, abriu-se a possibilidade, inclusive, do Euro ser abandonado.
Esses cinco países tentaram de todas as
formas manter suas dívidas públicas em níveis aceitáveis ao longo dos anos
2000. Porém,
após a crise financeira global de 2008/2009, gregos, espanhóis, irlandeses, portugueses e italianos viram suas
economias passarem por períodos de grandes dificuldades. Com o abalo da
economia mundial, esses países tiveram parcos crescimentos de seu Produto
Interno Bruto (PIB) e, em alguns casos, houve até queda do PIB. O resultado foi a impossibilidade de
obter receita suficiente para pagar as dívidas. A possibilidade de calote na
Grécia fez com que investidores parassem de comprar títulos de outros países, o que espalhou a crise para outras
economias, em especial as mais frágeis. Tudo isso
enfraqueceu o poder financeiro do Euro frente a outras moedas.
Especialistas se dividem quanto às
causas da crise. Há três explicações principais sendo apresentadas no debate. A
primeira explicação, e mais divulgada, diz que ao longo dos anos esses países não fizeram reformas
estruturais,
como a trabalhista e a fiscal, o que ocasionou distorções que não permitiram uma arrecadação
adequada. Para os defensores dessa explicação, os governos deveriam ter feito
reformas na previdência e no mercado de trabalho, por exemplo, para equilibrar as contas – isto é, para arrecadar o suficiente para
honrar os compromissos financeiros assumidos quando puseram seus títulos à
venda no mercado.
A segunda explicação aponta para o
conjunto de distorções econômicas próprias de cada país. Para os defensores
dessa tese, os
governos devem rever suas políticas econômicas voltadas para satisfazer as
necessidades dos mercados financeiros. Deveriam, portanto, não pagar as dívidas. Defensores dessa
tese alegam que a maioria dos investidores são especuladores que lucram
enormemente com o “jogo do mercado financeiro” e causam danos às economias
nacionais. Além disso, dizem que em muitos países nos quais políticas econômicas
austeras foram implementadas o resultado foi mais recessão, pois pessoas sem dinheiro não consomem, as empresas não lucram e demitem, tirando do mercado mais consumidores
potenciais,
criando um círculo vicioso que faz a economia declinar sem parar.
A terceira explicação diz que os países
mais fracos economicamente da União Europeia não tiveram meios de competir em
um mercado comum europeu; e como tiveram de adotar o Euro como moeda e
abandonar suas moedas nacionais, não puderam realizar políticas monetárias e cambiais para se
tornarem mais competitivas; e o resultado foi a queda do PIB e a
impossibilidade de pagar as dívidas. Alguns especialistas que defendem essa
tese advogam a saída desses países da zona do Euro.
Diante do grave quadro, os países mais fortes da União
Europeia buscaram meios para solucionar a crise. Grécia, Portugal e Irlanda receberam
bilionários empréstimos para equilibrar suas contas, em um acordo com Alemanha, França e o Fundo Monetário
Internacional (FMI). Outros países também são alvo de ajuda financeira. Como
contrapartida, os
governos desses países deveriam fazer reformas trabalhistas e fiscais.
A crise econômica transbordou para
crises políticas. Na Grécia e na Espanha, milhares de pessoas se manifestaram
contra as políticas de austeridade propostas. O primeiro-ministro grego, George Papandreou, ameaçou colocar o acordo sob referendo
popular, o que gerou indignação entre alemães e
franceses, que davam o acordo como garantido.
Dentro do próprio país houve reações contrárias à consulta pública sobre o
pacote de ajuda financeira. Todo o mal-estar advindo da crise fez com que
Papandreou renunciasse e Lucas Papademus assumisse seu lugar. Houve, inclusive, rumores sobre a saída da Grécia da
União Europeia.
Outros países passam por problemas
políticos semelhantes. Na Itália, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi também não resistiu e
renunciou. Assumiu em seu lugar um “técnico”, Mario Monti, que luta para pôr fim à crise na
Itália. Na Espanha e na Grécia, as grandes manifestações convocadas pelos autodenominados
“Indignados” pressionam seus governos a pôr um fim na crise nas economias
familiares. Na Espanha, a taxa de desemprego ultrapassa os 20%.
Policiais e manifestantes se enfrentam
nas ruas de Atenas, Grécia
Apesar de inúmeras tentativas, o Euro continua em crise e ainda paira
uma ameaça de abandono da moeda comum. As populações estão nas ruas
demonstrando insatisfação e os governos mandam a polícia restaurar a ordem.
Confrontos de rua ocorrem com frequência.
O mundo espera ansioso pela rápida
solução da pior crise econômica e social da Europa desde os anos 1930.
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