Diariamente, somos bombardeados por informações vindas de todos os lados. Recebemos notícias, indicadores, análises, e prognósticos que chegam dos cinco continentes. Apesar da enormidade de informações, quase sempre nos vemos incapazes de compreender o que ocorre. Este blog pretende ser uma contribuição para entender esse mundo complexo. É claro, não tem a pretensão de ser um oráculo, que dê conta de tudo o que ocorre no mundo, mas uma busca incessante de entender o que acontece à nossa volta.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A dinastia al-Asad da Síria

O governo da Síria é comandado pelo presidente Bashar al-Asad desde 2000.
Bashar al-Asad governa a Síria com base em um poder familiar que foi inaugurado por seu pai, Hafiz al-Asad, em 1970.


Bashar al-Asad (em pé, segundo da esquerda para a direita) e Hafiz al-Asad (sentado)

Para tentar compreender a crise na Síria, precisamos olhar rapidamente a história recente do país e para os sustentáculos do poder de Bashar al-Asad.

Desde a independência, em 1946, a Síria passou por graves crises políticas. Até 1970, a instabilidade política era a regra. Golpes de Estado se sucediam e políticos eram perseguidos, mortos ou fugiam para o exílio. Em 1963, assumiu o controle na Síria o Partido Baath, um movimento com inspirações socialistas e que advogava uma atuação do Estado mais forte na vida econômica.
Pouco depois, emergiu um racha dentro do próprio Partido Baath. Hafiz al-Asad era o principal líder de uma das facções e foi ganhando proeminência dentro do partido. Após inúmeras manobras políticas, conseguiu chegar ao poder em 1970.

Com a morte de Hafiz al-Asad, seu filho Bashar se tornou presidente. Contudo, Bashar não era o primeiro na linha de sucessão. Seu irmão, Basil al-Asad, vinha sendo preparado para assumir o comando do país. Porém, Basil morreu em um acidente de carro em 1994 e Bashar foi chamado às pressas para ser treinado presidente. Bashar, um médico oftalmologista, estava em Londres, estudando em um curso de extensão, e não possuía grandes pretensões políticas.
A família Asad faz parte do grupo religioso Alauíta (uma vertente do islã xiita), que perfaz cerca de 10% da população da Síria – país com uma população de aproximadamente 23 milhões de habitantes. No entanto, não se trata de um governo religioso. Há uma aliança entre diferentes grupos sociais que são a base do poder dos Asad e há diferentes agrupamentos políticos na oposição.
Os principais suportes do poder de Bashar al-Asad são os Serviços de Segurança, a Guarda Republicana, os Serviços de Inteligência e, principalmente, seu círculo familiar, que inclui seu irmão mais novo Mahel al-Asad e seu primo Hafez Makhlouf.

Hafiz al-Asad governou a Síria com mão-de-ferro até sua morte. Bashar al-Asad, inicialmente, parecia seguir um caminho diferente ao de seu pai. Logo após ser confirmado como presidente, ele iniciou reformas econômicas e políticas que pareciam levar a Síria a um regime mais democrático. Ele autorizou a atuação de grupos livres de ingerência governamental, permitiu o funcionamento de partidos políticos de oposição, liberalizou empresas privadas etc. Muitos analistas políticos chamaram esse período de “Primavera de Damasco”. Contudo, as pressões vindas das elites dirigentes e de sua própria família se fizeram sentir.  Bashar al-Asad revogou a maioria de suas medidas reformistas e, desde então, o governo tem agido com extrema severidade quando confrontado com qualquer manifestação de oposição. Durante mais de dez anos, a população da Síria se manteve quieta. Isso foi drasticamente alterado em março de 2011, quando a “Primavera Árabe” chegou à Síria.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto. Excelente!

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  2. ótimos textos, continue assim, pois eles são muito esclarecedores e melhores do que de outros sites!

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