Bashar al-Asad governa a Síria
com base em um poder familiar que foi inaugurado por seu pai,
Hafiz al-Asad, em 1970.
Bashar al-Asad (em pé,
segundo da esquerda para a direita) e Hafiz al-Asad (sentado)
Para tentar compreender a crise na Síria, precisamos olhar rapidamente a história
recente do país e para os sustentáculos do poder de Bashar al-Asad.
Desde a independência,
em 1946, a Síria passou por graves crises
políticas. Até 1970, a instabilidade política
era a regra. Golpes de Estado se sucediam e políticos eram perseguidos,
mortos ou fugiam para o exílio. Em 1963,
assumiu o controle na Síria o Partido Baath,
um movimento com inspirações socialistas e que advogava uma atuação do Estado
mais forte na vida econômica.
Pouco depois,
emergiu um racha dentro do próprio Partido Baath. Hafiz al-Asad era o principal
líder de uma das facções e foi ganhando proeminência dentro do partido. Após
inúmeras manobras políticas, conseguiu chegar
ao poder em 1970.
Com a morte de Hafiz al-Asad,
seu filho Bashar se tornou presidente. Contudo,
Bashar não era o primeiro na linha de sucessão. Seu irmão,
Basil al-Asad, vinha sendo preparado para
assumir o comando do país. Porém, Basil morreu
em um acidente de carro em 1994 e Bashar foi chamado às pressas para ser
treinado presidente. Bashar, um médico
oftalmologista, estava em Londres,
estudando em um curso de extensão, e não
possuía grandes pretensões políticas.
A família Asad faz parte do grupo
religioso Alauíta (uma vertente do islã xiita),
que perfaz cerca de 10% da população da Síria – país com uma população de aproximadamente
23 milhões de habitantes. No entanto, não se
trata de um governo religioso. Há uma aliança entre diferentes grupos sociais
que são a base do poder dos Asad e há diferentes agrupamentos políticos na
oposição.
Os principais suportes do poder de
Bashar al-Asad são os Serviços de Segurança, a
Guarda Republicana, os Serviços de
Inteligência e, principalmente,
seu círculo familiar, que inclui seu irmão
mais novo Mahel al-Asad e seu primo Hafez Makhlouf.
Hafiz al-Asad governou a Síria
com mão-de-ferro até sua morte. Bashar al-Asad,
inicialmente, parecia seguir um caminho
diferente ao de seu pai. Logo após ser confirmado como presidente,
ele iniciou reformas econômicas e políticas que pareciam levar a Síria a um
regime mais democrático. Ele autorizou a atuação de grupos livres de ingerência
governamental, permitiu o funcionamento de
partidos políticos de oposição, liberalizou
empresas privadas etc. Muitos analistas políticos chamaram esse período de
“Primavera de Damasco”. Contudo, as pressões vindas
das elites dirigentes e de sua própria família se fizeram sentir. Bashar al-Asad revogou a maioria de suas
medidas reformistas e, desde então,
o governo tem agido com extrema severidade quando confrontado com qualquer
manifestação de oposição. Durante mais de dez anos,
a população da Síria se manteve quieta. Isso foi drasticamente alterado em
março de 2011, quando a “Primavera Árabe”
chegou à Síria.
Parabéns pelo texto. Excelente!
ResponderExcluirótimos textos, continue assim, pois eles são muito esclarecedores e melhores do que de outros sites!
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