No século XIX e em boa parte do
século XX, diversos intelectuais
argumentavam que a humanidade evoluía rumo a uma espécie de paraíso terrestre.
Motivados em grande parte pelos avanços técnicos que eram inventados com cada
vez maior rapidez (ferrovias,
telégrafo, vários tipos de
indústrias etc.), pensadores
europeus criaram sistemas explicativos que previam que o ser humano caminhava
rumo à perfeição. Foram ideias bastante disseminadas e que contribuíram para
uma visão de mundo que utilizava critérios de progresso material e social para
julgar os diversos grupos humanos.
O filósofo alemão Georg Wilhelm
Friedrich Hegel (1770-1831) foi quem mais influenciou esse tipo de pensamento.
Para ele, a história era uma
narrativa que explicava os diversos momentos da humanidade rumo à Liberdade.
Muitos povos contribuíram para essa ideia – os gregos forneceram sua filosofia
e seu pensamento político; os romanos,
o direito, e assim por diante até
chegar ao século XIX com suas inovações técnicas e sociais.
Essa visão evolutiva da
humanidade foi seriamente abalada no século XX – as duas guerras mundiais, o nazismo,
a bomba atômica fizeram perceber que o progresso técnico,
por si só, não produziria o
progresso humano.
No entanto,
ainda hoje, há vários intelectuais
que continuam aferrados à ideia de um progresso infinito da humanidade. O
pensamento econômico hegemônico permanece ligado a ideias que veem o
crescimento econômico constante e infinito como a base para a produção de
bem-estar das sociedades contemporâneas. Os problemas ambientais, a busca obsessiva pelo petróleo (com as consequentes
guerras em várias partes do mundo),
a situação sem saída de que não há condições de crescer 8,
9 ou 10% ao ano – tudo isso é deixado de lado em nome do “crescimento econômico”.
Quanto aos problemas ambientais, a percepção desse crescimento acelerado está
baseada também em uma noção do século XIX que entende que o homem é “mestre da
natureza”, podendo usá-la da forma
que lhe convier. Trata-se de uma visão moderna que valoriza a capacidade humana
de “dominar a natureza”. O trabalho humano deveria controlar a natureza para a
criação de riquezas. Este pensamento era criticado nos idos da década de 1930, pelo filósofo Walter Benjamim (1892-1940). Para
ele, esta era uma visão distorcida
do trabalho que, ao invés de uma
parceria com a natureza assentava-se na ideia de domínio,
controle e exploração.
E essa ideia de controle sobre a
natureza era também utilizada quando norte-americanos e europeus lidavam com
povos considerados “primitivos”, na
África e na Ásia. Estes povos eram considerados mais próximos à natureza e, portanto,
deveriam também ser dominados e controlados em nome do progresso humano.
Abaixo, um clipe interessante da banda Pearl Jam, Do the evolution.
Neste vídeo, a banda questiona as noções de evolução. A animação é muito bem feita e a música é ótima.
Para ler:
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas, 2ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade: doze lições. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
HEGEL, G. W. F. Filosofia da história. 2ª ed. Brasília, Editora UnB, 1995.
HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade: doze lições. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
HEGEL, G. W. F. Filosofia da história. 2ª ed. Brasília, Editora UnB, 1995.
KOSELLECK, Reinhardt. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto Editora; Editora PUC Rio, 2006.
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente: São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
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